quarta-feira, 9 de abril de 2008

Lisboa

Digo:
"Lisboa", quando atravesso - vinda do sul - o rio. E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse. Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna. Em seu longo luzir de azul e rio. Em seu corpo amontoado de colinas. -Vejo-a melhor porque a digo. Tudo se mostra melhor porque digo. Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência. Porque digo Lisboa com seu nome de ser e de não-ser. Com seus meandros de espanto insónia e lata. E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro. Seu conivente sorrir de intriga e máscara. Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata. Lisboa oscilando como uma grande barca. Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência. Digo o nome da cidade
- Digo para ver
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Sophia de Mello Breyner Andresen
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Foto by: Rebeca (merece mesmo estar aqui)

3 comentários:

Abby Richter disse...

de facto a foto está divinal.
admiro imenso esse teu talento e esse teu dom pelas fotografias. Para a próxima vez fazemos uma sessão fotográfica diferente daquelas que temos feito. Ok?
Beijinhos cheios de saudade da tua pequenina que nunca te esquece =)

Z. disse...

ta linda a fotografia! adorei o blog joana ;) vou passar a ser visitante assiduo! :D beijinhos, zé

Lorelai disse...

Esta foto está simplesmente perfeita, de facto... Adoro a beleza de Lisboa ao entardecer, espero que Lisboa também já tenha um lugarzinho especial em ti =)*